terça-feira, 8 de março de 2011

O sujeito epistêmico de Piaget | Formação | Nova Escola

O sujeito epistêmico de Piaget

Para explicar como todos podem aprender e o desenvolvimento da inteligência, Jean Piaget reuniu saberes da Biologia, da Psicologia e da Filosofia no conceito do sujeito epistêmico

Mesmo sem ser pedagogo, o cientista suíço Jean Piaget (1896-1980) foi um dos pensadores mais influentes da Educação. Sua atualidade e repercussão na sala de aula devem-se, principalmente, ao incessante trabalho em compreender como se desenvolve a inteligência humana. Entre estudos e pesquisas, que renderam mais de 20 mil páginas, um conceito perpassa toda a sua obra: a ideia do sujeito epistêmico. Segundo Piaget, esse "sujeito" expressa aspectos presentes em todas as pessoas. Suas características conferem a todos nós a possibilidade de construir conhecimento, desde o aprendizado das primeiras letras na alfabetização até a estruturação das mais sofisticadas teorias científicas.

Que características tão especiais são essas? "Basicamente, a capacidade mental de construir relações", explica Zélia Ramozzi-Chiarottino, professora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). Essa habilidade permite o desenvolvimento de uma gama de operações essenciais para a aquisição do saber: observar, classificar, organizar, explicar, provar, abstrair, reconstruir, fazer conexões, antecipar e concluir - ações que, de fato, todos temos o potencial de realizar. Um esquimó, por exemplo, é capaz de diferenciar a paisagem fria e se localizar no gelo assim como um índio brasileiro sabe caminhar pela Floresta Amazônica sem se perder. Em ambos os casos, o modo de classificar (no caso, mapear) e reconhecer o espaço geográfico é o mesmo. O que muda é a coisa classificada, que varia de acordo com o meio.

O conceito de sujeito epistêmico (leia um resumo no quadro abaixo) começou a tomar forma quando Piaget iniciou seus estudos sobre o processo de construção de conhecimentos de Matemática e Física na criança pequena. "Ele é considerado o inaugurador da epistemologia genética, teoria que investiga a gênese do conhecimento, tema que estava ausente das pesquisas até o fim do século 19", diz Lino de Macedo, também do Instituto de Psicologia da USP. Até então, as formulações sobre o desenvolvimento da inteligência eram uma exclusividade dos filósofos. As ideias de um deles, o alemão Immanuel Kant (1724-1804), tiveram grande impacto na obra de Piaget. Kant foi um dos primeiros a sugerir que o conhecimento vem da interação do sujeito com o meio - uma alternativa ao inatismo, que considerava o saber como algo congênito, e ao empirismo, que encarava o saber como um elemento externo que só podia ser adquirido pela experiência (leia mais no quadro).

Ao retrabalhar as proposições de Kant, Piaget concordou com a ideia da interação sujeito/meio - mas foi além, afirmando que o desenvolvimento das estruturas mentais se inicia no nascimento, quando o indivíduo começa o processo de troca com o universo ao seu redor. Ele também destacou a necessidade de uma postura ativa para aprender. Imagine, por exemplo, uma pessoa que more a vida inteira numa montanha. Ela pode nunca saber que existem terras baixas, planícies e vales de rio. Por outro lado, se decidir fazer uma viagem morro abaixo, vai conhecer a paisagem de seu entorno e, por meio das relações (comparação e classificação, por exemplo), vai entender que a montanha é um elemento natural diferente dos demais. "Para que o processo de estruturação cognitiva ocorra, é fundamental a ação do sujeito sobre o meio em que vive. Sem isso, não há conhecimento", completa Zélia (leia mais no quadro da página seguinte).

Esquemas de ação de Piaget | Formação | Nova Escola

"Esquemas de ação de Piaget

Com o conceito de esquemas de ação, Jean Piaget mostrou como as ações dos indivíduos sobre o meio são o motor da aquisição de conhecimento"
O bebê explora, põe tudo na boca, descobre novos objetos. A menina brinca de casinha, o menino representa uma corrida com seus carrinhos de brinquedo. Um pouco mais tarde, ambos voltam a atenção às regras de conduta e moralidade. Já o adolescente, mais reflexivo, é capaz de construir argumentos para rebater os dos pais e planejar o próprio futuro. São formas diferentes de interagir com o mundo, que vão se tornando mais complexas à medida que o indivíduo cresce. Na obra de Jean Piaget (1896-1980), esses mecanismos recebem o nome de esquemas de ação e são considerados o motor do conhecimento.

Há inúmeras possibilidades de esquemas de ação (leia um resumo do conceito na última página). Mamar, sugar, puxar e prender são esquemas comuns no desenvolvimento da inteligência sensório-motora (em média, até 2 anos de idade). Imitar, representar e classificar é típico da inteligência pré-operatória (aproximadamente de 3 a 7 anos), assim como ordenar, relacionar e abstrair caracteriza o período operatório-concreto (de 8 a 11 anos). Já argumentar, deduzir e inferir aparece na estruturação da inteligência operatória formal (a partir dos 12 anos). É com base nesses esquemas que as pessoas constroem as estruturas mentais que possibilitam o aprendizado (leia um trecho de livro sobre o assunto no quadro da próxima página). "Inicialmente, isso se dá com a experiência empírica, concreta. Em seguida, conforme a criança vai se desenvolvendo, ela caminha em direção ao pensamento formal, abstrato", explica Agnela da Silva Giusta, professora de Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG).

As pesquisas científicas de Piaget sobre as características do pensamento infantil receberam a contribuição de importantes acontecimentos em sua trajetória pessoal. Entre 1925 e 1931, nasceram seus três filhos, ponto de partida para uma etapa de observação de seus comportamentos. Após uma criteriosa análise dos dois primeiros anos de vida dos bebês, Piaget chegou à conclusão de que a inteligência se desenvolve desde o nascimento - e não com o surgimento da fala, como era comum pensar até o início do século 20.

No livro A Epistemologia Genética, o pensador suíço divide o processo "dinâmico e infinito" do desenvolvimento da capacidade de conhecer em quatro períodos. No sensório-motor, que vai desde o nascimento até os 2 anos, a criança conhece o mundo por meio dos esquemas de ações que trabalham sensações e movimentos. Ao nascer, o bebê percebe o mundo como uma extensão do seu corpo. Ao desenvolver o esquema de sucção, por exemplo, o bebê começa a diferenciar o que é seio da mãe, o bico da mamadeira, a chupeta ou mesmo o dedo. Com o tempo, consegue identificar objetos que são sugáveis ou não. Um dos principais resultados desse período é a criança tomar consciência de si mesma e dos objetos que a cercam. "Esse processo é chamado por Piaget de construção do objeto permanente, ou descentração", explica Cilene Charkur, professora aposentada da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp), campus de Araraquara.

Nessa fase, mesmo antes de falar e pensar, a criança consegue realizar condutas consideradas lógicas, ligadas à ação sobre objetos concretos. Um bebê de 8 meses, por exemplo, pode afastar um brinquedo para pegar outro de seu interesse. "Nesse caso, ele coordena dois esquemas: um esquema meio (afastar) e outro esquema fim (pegar). Trata-se de uma integração recíproca entre duas ações e não só uma associação mecânica", afirma Adrian Oscar Dongo Montoya, professor da Unesp, campus de Marília.

SEMIOTICA E FILOSOFIA DA LINGUAGEM - Umberto Eco.pdf - 4shared.com - document sharing - download

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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Frederick Adams

quarta-feira, 18 de julho de 2007

a causalidade na emergencia de propriedades em sistemas auto-organizados

Nas teorias emergentistas argumenta-se que quando elementos dispares se ajustam pode emergir desse ajuste propriedades que sao irredutiveis as partes constituintes. Essas novas propriedades escraviza o comportamento das partes num movimento descendente restringindo suas possibilidades de açao de forma a emergir somente uma dentre o conjunto das possiveis. A açao que emerge tem uma finalidade.
Argumentaremos que a maneira como Aristoteles entendeu a causa formal corresponde a sugestao acima.

sábado, 14 de abril de 2007

ARISTOTELES - Vida e Obra

ARISTÓTELES
(V a.C)


O filósofo Aristóteles nasceu em Estagira no ano 348 a.C., quatorze anos antes da morte de Sócrates. Aos dezoito Aristóteles decide se mudar para Atenas.
Naquela época duas grandes instituições educacionais disputavam em Atenas a preferência dos jovens, que através de estudos superiores, pretendiam se preparar para exercer com êxito suas prerrogativas de cidadãos e ascender na vida pública.
De um lado, Isócrates, seguindo a trilha dos sofistas, propunha-se a desenvolver no educando a capacitação para lidar com os assuntos relativos a polis, a política, transmitindo-lhe a arte de “emitir opiniões prováveis sobre coisas úteis”, a retórica.
Ao contrario de Isócrates, a academia de Platão ensinava que a base para qualquer ação deveria ser a investigação científica de índole matemática, e, uma vez que a atividade humana correta não deveria ser norteada por valores instáveis, requeria uma ciência (no sentido de percepção) dos fundamentos da realidade na qual aquela ação está inserida.
Chegando em Atenas Aristóteles decide procurar a Academia (fundada em 387 a.C pelo próprio Platão) embora a advertência na entrada de que ali não poderia entrar se não soubesse geometria.
Ao ingressar na Academia, que freqüentaria de 367 a.C a 386 a.C, Aristóteles já trazia como herança de seus antepassados, assentuado interesse pelas pesquisas biológicas. Assim, ao matematismo que dominava na Academia, ele irá contrapor o espírito de observaçao e a índole classificatória, típicas da investigação naturalista, e que constituirão traços fundamentais de seu pensamento.
Com a morte de Platão e sua divergência com a índole matematizante que reinava na Academia, Aristóteles funda a sua própria escola, o Liceu que transformou-se num centro de estudos dedicados principalmente as ciências naturais. O biologismo era mais que uma perspectiva de escola, era a marca central da própria visão cientifica e filosófica de Aristóteles, que contrapõe para toda a natureza categorias explicativas pertencentes originariamente ao domínio da vida.
Desta forma Aristóteles via Deus como o primeiro motor das substancias que compõem o mundo, como a luz o é para as plantas. Mas, ao contrario de Platão, o universo não é explicado como resultado da ação apenas de Deus, mas como um organismo que se desenvolve graças a um dinamismo interior, um principio imanente que Aristóteles denomina natureza.
Sua obra aborda profundamente muitos ramos do saber: lógica, física, filosofia, botânica, zoologia, metafísica, etc.
Para Aristóteles, contrariamente a Platão, a idéia não possui uma existência separada. Só são reais os indivíduos concretos e as idéias só existem nos seres individuais que ele chama de forma.
Preocupado com as primeiras causas e com os primeiros princípios de tudo contraria o mundo das idéias de Platão realizando as idéias nas coisas. Para Aristóteles é a experiência que determina a idéia e não o contrário como queria Platão. Assim, os caminhos do conhecimento são os da vida.
Sua teoria capital é a distinção entre potência e ato. Desde o seu começo no século VI a.C, a especulação filosófica grega ocupou-se do problema do movimento (o que é o movimento?; há sempre forças impelindo os movimentos?). Enquanto Heráclito de Éfeso afirmava a mudança permanete de todas as coisas, Parmênides de Eléa apontava a contradição que existiria entre a noção de ser e a de movimento. Essa contradição Aristóteles pretende evitar operando uma distinção fundamental: ser não é apenas o que já existe em ato, ser é tambem o que pode ser, a potencia. Assim poder-se-ia compreender que uma substancia apresentasse nun dado momento certas características e noutra ocasião manifestasse características diferentes. Se uma folha verde torna-se amarela é porque verde e amarelo são acidentes da substancia folha, que é sempre folha independente de sua coloração. A qualidade amarelo é uma potencialidade da folha que em certo momento se atualiza. E essa passagem da potencia ao ato é que constitui, segundo a teoria aristotélica, o movimento.
Quer na natureza, quer na arte, todo movimento seja quantitativo seja qualitativo constitui a atualização da potência de um ser que somente ocorre devido à atuação de um ser já em ato guiado sempre por uma causa final. Cada ser atualizaria suas potencialidades devido a ação de outro ser que, já possuindo-as em ato, funciona como motor daquela transformação.
Contrario a visão evolucionista, Aristóteles não admitia que o mais possa vir do menos, que o superio provenha do inferior, que a potencia por si só conduza ao ato. Concebe então todo o universo como regido pela finalidade e torna os vários movimentos interdependentes, sem fundi-los na continuidade de um único fluxo universal. Haveria uma ação encadeada e hierarquizada dos vários motores, o mais atualizado movimentando o menos atualizado.
O mundo sendo constituídos por uma sucessão de esferas concêntricas onde a Terra ocupava o centro, cada qual movimentando-se em função da esfera imediatamente superior, que atua como motor, terminaria num primeiro motor, imóvel, que Aristóteles chama de Deus. O Deus aristotélico é então ato puro, pois do contrário se moveria, paira acima do universo movendo-o como causa final.
Aristóteles morre no ano de 322 a.C. com 62 anos de idade. Até hoje suas teorias e idéias sao objeto de intensas pesquisas.